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sábado, 25 de agosto de 2012

Fibra do Google: Inovação Tecnológica Ou Garantia de Receita?



Fibra do Google: Inovação Tecnológica Ou Garantia de Receita?


Autor: Tom Daly, http://dyn.com/google-fiber-isp-technology-innovation-revenue-assurance-tech-talk/, julho 30, 2012


O anúncio do Google de seus 'Fiberhoods' por toda Kansas City é mais um exemplo de liderança e inovação de idéias trazido pela popular empresa de publicidade. Mas o que esse movimento diz a cerca do estado de acesso à Internet nos Estados Unidos da América?

Com a Verizon FIOS, Xfinity Comcast e Time Warner Cable, todos competindo pela escolha da melhor Operadora da nação, juntamente com a AT&T, Verizon Wireless, Sprint e T-Mobile disputando a eleição da melhor rede 4G LTE, é um momento interessante para se ver um novo competidor entrar no mercado comercial.




Fiberhoods são Nó’s de agregação de Rede para uma quantidade determinada de residências com fibra óptica a 1 Gbits/s. Isso significa que se um Fiberhood possui 100 residências a conexão desse fiberhood com o backbone será de 100Gbits/s. (Grifo do auto do blog)



O que o Google está fazendo, afinal de contas?

A Oferta da Google, de até 1000 Megabits por segundo (Mbps) na residência, permite aos clientes acessar a web com velocidades muito maiores que as suas Operadoras concorrentes podem ofertar. De fato, isso quebra de forma audaciosa o recorde de velocidade média até então fornecida ao usuário residencial no Japão, onde acesso residencial médio a Internet é 61 Mbps.

Indubitavelmente, o Google fez uma engenharia de rede incrível a fim de fazer o conceito de seu Google Fiber operar em uma escala metropolitana. Operadores de redes móveis e de banda larga estão enfrentando graves desafios para escalar seus Core’s e redes de acesso a níveis superiores de velocidades com as melhores e mais recentes tecnologias de acesso disponíveis.



As tecnologias de Fibra Óptica Residencial, DOCSIS 3.0 e 4G LTE estão todas permitindo facilmente acesso às redes Core’s a velocidades superiores a 100 Mbps a partir do Nó local ou da torre móvel até a residência ou ao dispositivo portátil. No entanto, as redes situadas atrás dos Nó’s de acesso local ou torres, conhecidas como redes de agregação, não estão atualmente à altura do desafio de escalar até as velocidades necessárias.

Eu vivo em um modesto bairro em desenvolvimento de 36 casas em New Hampshire. A velocidade de 100 Mbps do DOCSIS 3.0, nosso bairro precisaria de cerca de 4Gbps de capacidade para todo bairro. Isso é muito. Mas se tivéssemos o Google Fiberhood em nosso bairro, seria necessário cerca de 40 Gbps de capacidade!

Como referência, o switch de maior capacidade da Juniper da série QFX, atinge 40 Tbps de taxa de comutação. Com cada residência ao ter acesso de 1000 Mbps, aquela será a capacidade para 40.000 casas apenas, não incluindo a conexão ao backbone! Isso não é o suficiente até mesmo para uma cidade mediana.


Como as redes lidarão com essa nova exigência de capacidade?

O tráfego potencial que, tais níveis de serviço, pode colocar na rede é enorme e eu não estou convencido que redes de acesso, redes core’s ou os pontos críticos de trocas importantes da Internet (locais onde o tráfego IP são trocados entre Operadoras) estão prontos para lidar com essa carga de tráfego.

Em novembro passado, citei a declaração da Comcast em que eles já estavam pondo 40 Gbps em uma rede simples de agregação regional, na Filadélfia, PA. Para efeitos de comparação, uma das maiores conexões transpacíficas pertencente à NTT Communications, é construída para suportar 630 Gbps de capacidade atualmente entre os EUA e o Japão.

A questão de tráfego vai muito além de apenas a camada de rede e de o datacenter. Os provedores de conteúdo (Google, Yahoo, Microsoft, Netflix, Amazon, etc) estão realmente pronto para suportar o tráfego em 1 Gbps em apenas uma residência? É lugar comum hoje um único servidor de vídeo poder facilmente pôr mais de 4 Gbps de streaming de vídeo a milhares de clientes. Em nossa Google Fiberhood, esse serviço seria apenas para 4 residências?


Além da rede física, entramos na camada de protocolo

Quando a equipe de Vint Cerf no Stanford Research Institute, entre 1973 e 1974, projetou o TCP/IP, eles nunca imaginaram que as redes poderiam ser tão rápidas quanto elas são hoje. O algoritmo para controle de congestionamento desenvolvido por Van Jacobson pode ter salvado as redes no final dos anos 80 e início dos 90, mas quando a RFC 5681 foi elaborada e implementada, as redes de alta latência eram incapazes de lidar com esse volume de tráfego.

É muito importante notar que não adianta a estrutura física entre dois pontos ter banda para lidar com transferências a 1000 Mbps, se a pilha TCP das pontas não conseguir lidar bem com a latência (isto é, adição de latência ao longo do percurso por equipamentos lentos) devido à distância entre hosts, assim alcançar uma transferência de arquivo a 1000 Mbps pode não ser possível. Sistemas operacionais e softwares de rede vão continuar exigindo evolução a fim de poder gerar e consumir o volume de tráfego possível na rede muito rápida do Google.


Além das questões tecnológicas, isso é apenas uma questão de disputa política e rentabilidade de Interconexão da Rede?

Em 2008 e 2009, longas sessões legislativas entraram na análise do mérito da "Neutralidade de Rede" e seu impacto sobre o ecossistema Internet. Todos nós conhecemos o modelo de negócio principal do Google: publicidade. A fim de gerar receita (e lucros), o Google precisa inserir seus anúncios e faz isso através da Internet, tais anúncios são injetados nas múltiplas formas dos serviços do Google, que vai desde o Gmail até o YouTube.

Kansas City é o laboratório para o experimento mais recente do Google.

Nos últimos anos, temos visto as Operadoras considerarem (e implementarem) a prática de controle e poda dos diferentes tipos de tráfego em suas redes, especialmente em aplicações de maior banda, tais como as aplicações de streaming de vídeo e peer-to-peer (como às suportadas pelo Google+) .

As Operadoras tradicionais continuam se preocupando com a capacidade de suas redes, especialmente na camada de agregação como discutimos acima, e como garantir que elas tenham capacidade necessária para manter os clientes satisfeitos. Uma forma que elas tem feito isso é limitando o congestionamento de certos tipos de aplicações em operação, como vídeo. Ou até mesmo, o vídeo com anúncios trafegando nelas.

Eu sugiro que o Google Fiber pode ser um caminho que o Google está seguindo a fim de garantir seu fluxo de receitas publicitárias, ao controlar o conteúdo, os anúncios e a rede que os entrega aos usuários – uma forma segura para proteger a receita devido à ameaça de poda de tráfego.

Sem dúvida alguma, o Google está fazendo um movimento ousado. Eu não questiono a empresa ter tecnologia, engenheiros e expertise para implantar algo como o Google Fiber e fornecer um excelente serviço. O que Eu questionaria é a viabilidade em longo prazo da implantação onipresente do serviço (devido ao elevado custo de capital de implantação de fibra óptica até a residência), o tráfego resultante em vários backbones da Internet e as implicações econômicas e de receita do projeto.

Aqui pra nós: ter serviço Google Fiber lá na minha casa seria um deleite agradabilíssimo, mas qual é o panorama macroeconômico atual?



Sobre o Autor:
Tom Daly é o Cientista Chefe da Dyn, a empresa líder do Internet IaaS (Infrastructure-as-a-Service) que é especializada em Managed DNS e Email Delivery. Para segui-lo no Twitter: @TomDynInce @dyninc.





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