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terça-feira, 14 de junho de 2011

Porque Alguns Padrões Prevalecem Sobre Outros





A metodologia bem sucedida de desenvolvimento de padrões do IETF está intimamente ligada ao sucesso do modelo TCP/IP. As razões que levaram a arquitetura TCP/IP a suplantar efetivamente o suíte de protocolos OSI estão na base da ascensão do método IETF de estabelecimento de padrões. Ao ponto de hoje em dia o modelo OSI não passar de um mero modelo teórico tão somente que simplesmente não se estabeleceu porque não foi assentado na vida prática, como tudo que acontece na área de tecnologia.

Tudo começou quando os envolvidos no projeto TCP/IP tinham profundas divergências sobre aquilo que pensavam organismos como CCITT e ISO a cerca da maneira como conduzir os trabalhos de definição e padronização das tecnologias de rede. O OSI era tido como modelo muito teórico e ineficiente, e impraticável do ponto de vista de implementação. A divergência chegou a tal ponto que David Clark, um dos dirigentes do nascente IETF, ter dito em 1992: "Nós rejeitamos: Reis, Presidentes e Votação. Nós acreditamos em: consenso rígido e código funcional". Essa frase sintetiza os valores técnicos e políticos dos engenheiros da Internet naquela fase crucial para o desenvolvimento da Internet. O IETF então surgiu como resultado desse cenário.

O IETF era uma organização de padrões completamente diferente, que pregava "consenso rígido e código funcional" à frente do formalismo excessivo e pouco senso prático de organismos como ISO/ITU-T. O IETF surgiu de esforços de pesquisa no desenvolvimento de rede, sendo financiada pela Agência DARPA do Departamento de Defesa dos Estados Unidos – DARPA também conhecido como ARPA. A pilha de protocolos TCP/IP já tinha surgido no início dos anos 80. Especificamente, a Internet, que no começo se chamava ARPANET, decidiu usar o TCP/IP em vez do protocolo original de comutação de pacotes NCP em 01 de janeiro de 1983.

O TCP/IP não era baseado no modelo OSI, os projetistas do TCP/IP, conforme dito antes, tinham fortes diferenças filosóficas sobre a maneira como padrões de rede de direito eram criados a época pelo CCITT/ISO. O "modelo de referência" TCP/IP na realidade, tinha e tem apenas quatro camadas, a saber: a camada Subrede (mapeia aproximadamente as camadas Física e Enlace do OSI), a camada IP (mapeia estreitamente a Camada de Rede do OSI), a camada de Transporte (mapeia aproximadamente as camadas de Transporte e Sessão da pilha OSI) e a camada Aplicação (mapeia aproximadamente as camadas de Sessão, Apresentação e Aplicação da pilha OSI). Devido ao seu projeto flexível, o modelo TCP/IP era, e é facilmente adaptável para funcionar sobre qualquer tecnologia da camada subjacente, como se pode ver ao olhar vários padrões "IP over foo" existente na biblioteca de RFC do IETF.

Apesar do TCP/IP ter sido desenvolvido dentro de uma filosofia do tipo a medida que as demandas apareciam por uma equipe internacional de engenheiros, e por ser adotado por usuários em todos os continentes, ele não era um padrão internacional, no sentido tradicional da palavra. No entanto, ele era um protocolo não proprietário e muitos fabricantes logo aderiram a ele (parcialmente por ser livre), tornando-se então um padrão de fato, que evoluiu com o passar do tempo para um padrão real de âmbito internacional, talvez, eventualmente, tornando-se vítima de seu próprio sucesso. Devido à implantação quase universal do suite TCP/IP, e somado o fato de o IETF ter alcançado o reconhecimento internacional a partir da comunidade de padronização "oficial", pode-se dizer sobre o processo de padronização do IETF que legitimamente produz protocolos de direito, e não de fato.

Muito do sucesso inicial do TCP/IP pode ser atribuído ao fato dele ter sido livremente incluídos nas distribuições BSD UNIX® nos anos 80. À medida que as implementações de protocolos OSI tornavam-se disponíveis e, em geral, caros, e quando chegavam ao mercado, os primeiros adotantes já estavam familiarizados com o TCP/IP. Muitas organizações que eram forçadas, por questão de política, adquirir software OSI optou por manter seus softwares OSI intocados em suas embalagens originais do jeito como estavam ao invés de aprender algo novo.

O "Processo" do IETF está se tornando cada vez mais bem definido, o que é tanto bom quanto ruim, na opinião de algumas pessoas. Havia sempre um grau de ousadia no processo do IETF, do modo como ele era. Guiado pelo lema "consenso rígido e código funcional", seus padrões eram escritos, implementados, testados e melhorados de um modo bastante informal, mas ainda muito produtivo. O pessoal do IETF evitava as organizações formais de padronização tanto porque as considerava relíquias ossificadas como ridicularizava a produção delas dado a excessiva complexidade e a implementação não era fundada na experimentação do mundo real. Nunca nenhum padrão foi tão abusivo quanto o suíte de protocolos OSI. No alvorecer do século 21, o IETF é um organismo muito diferente, com processos cada vez mais bem definidos e a intrusão de termos como "referências normativas" em suas especificações. Neste ponto, o IETF assumiu seu lugar ao lado de organismos "reais" de normalização como o IEEE, ANSI e ITU-T.

Não é surpresa alguma que hoje em dia os protocolos da camada física e da de enlace são predominantemente especificados e padronizados pelos grupos de trabalhos do IEEE. Já os protocolos das camadas superiores são especificados e padronizados predominantemente pelos grupos de trabalho do IETF, embora haja forte cooperação entre o IETF e o IEEE, além de outros organismos como ISO/ITU-T em muitas especificações e definições. Historiadores da Internet reconhecem hoje as realizações técnicas, mas muitas vezes desconhecem a luta silenciosa que foi travada em favor das inovações pelos pioneiros da Internet para vencer os entraves burocráticos.


Legenda:
DARPA – Defense Advanced Research Projects Agency
IETF – Internet Engineering Task Force
IEEE – Institute of Electrical and Electronics Engineers
ISO – International Standards Organization
OSI – Open Systems Interconnection
CCITT – Comitê Consultatif International Téléphonique et Télégraphique, em francês
ITU-T – International Telegraph Union Telecommunication Standardization Sector
ANSI – American National Standards Institute



Obs.: No ano de 1993, o CCITT foi renomeado para ITU-T.



Referências:
http://www.wireless-center.net/Wireless-Internet-Technologies-and-Applications/1917.html
http://ieeexplore.ieee.org/iel5/85/35276/01677461.pdf
http://www.ietf.org 
E muitos outros materiais pesquisados.











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